segunda-feira, 17 de março de 2014

Haplogrupos caprinos

Se fosse pretendido fazer-se um estudo conclusivo e minimamente sério sobre migrações, ele teria que tomar em consideração vários aspectos, nomeadamente incluir as migrações animais e das plantas.
A evolução genética das plantas cultivadas permitiria sem grande dúvida seguir o traço da agricultura.
A maioria da informação é herança cultural, que nos diz que o milho e a batata vieram da América, o arroz da Ásia, etc... porém, era muito conveniente fazer-se o traço genético completo para perceber se assim foi.

mt-DNA caprino
Um dos poucos estudos que encontrei no sentido complementar de estudar as migrações humanas diz respeito... a cabras, ao Haplogrupo mt-DNA das cabras domésticas!

Aparentemente há o grande domínio de um haplogrupo A, e quase todos os outros são razoavelmente minoritários. O sucesso desse haplogrupo A está bem evidenciado nos mapas que se seguem.

Haplogrupos da Cabra doméstica
 (Distribuição do Haplogrupo A e restantes) 

Naderi S, Rezaei H-R, Taberlet P, Zundel S, Rafat S-A, et al. (2007) 
Large-Scale Mitochondrial DNA Analysis of the Domestic Goat Reveals Six Haplogroups with High Diversity.
PLoS ONE 2(10): e1012. doi:10.1371/journal.pone.0001012


(Árvore de descendência, dominada pelo Haplogrupo A)


O artigo em questão, de Naderi et al., fala numa domesticação de há aproximadamente 10 mil anos, na zona do Crescente Fértil (... uma hipótese conservadora, dada a história oficial).
Portanto, seria a partir de um ponto algo impreciso no Médio Oriente que teríamos o desvio restante.

Haverá várias interpretações, e por isso focamos uns pontos objectivos:
i) Há um domínio quase total do A, em especial na zona ibérica e mediterrânica.
ii) Esse domínio só não existe na zona malaia-indonésia, onde domina o B. Este B descende do A.
iii) Há uma ascendência comum do B e C, e o C está essencialmente na zona europeia.
iv) Uma parte do B surge na África do Sul.

As razões para isto podem ser várias, desde a adaptação dos animais ao gosto dos humanos.
No entanto, podemos considerar uma hipótese interessante. A primeira domesticação do A deu-se a ocidente, tendo migrado para oriente onde sofreu uma transformação para B na zona indonésia. Essa transformação teve elementos C que acompanharam nova migração em direcção à Europa, e espalhou elementos B pela Ásia. Para além da chegada a Madagáscar, devemos considerar uma chegada dos humanos de haplogrupo O (austroasiáticos, chineses) mesmo à África do Sul. As variações D e G são directas do A, mas a variação B e C tem a mesma origem, e podemos pensar ligar o grupo C a uma migração do haplogrupo humano R em direcção à Europa (encontra-se em zonas semelhantes). 

4 comentários:

  1. Finalmente! Caro da Maia.

    Ao menos as Cabras são Atlantes!

    Abraço

    Maria da Fonte

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eh eh eh, Maria da Fonte... essa está muito boa.
      Repare só da utilidade das cabras, neste artigo muito bom:
      http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/antes-cabras-que-avioes-1629038

      Eliminar
  2. Ah! Ah! Ah! Ah!
    Bem visto! Gostei!

    Não seria, é nada bom, para os negócios subterrâneos e enluvados das governanças, e de certas empresas estrangeiras, de aluguer e/ou venda, abençoadas pelas respectivas governagens...com bençãos pagas a peso de ouro...claro!
    Coisas assim como TGVs, Submarinos, Canadairrrres etc.
    Credo! O lucro que damos à francesada!
    Bom! A loira gorda, também não ficou mal!

    Abraço

    Maria da Fonte

    ResponderEliminar
  3. Compadris, Abel nã era pastori?
    Já repararam onde se passa a cena com o avô de Noé, Matusalém?

    Já agora, no mundo dos trapos é sabido que a raça Merino é alentejana, e que 'voou' do Alentejo para a Austrália.

    abcs diluvianos
    B

    ResponderEliminar