sábado, 24 de dezembro de 2016

Merry "Kiritimati"

Uma das ilhas baptizadas com um nome natalício foi um atol no meio do Pacífico, conhecido como ilha "Christmas", e cujo nome passou a ser Kiritimati, a partir da semi-independência das ilhas Kiribati em 1979, fazendo antes parte dos territórios britânicos no Pacífico, e fazendo agora parte da chamada Commonwealth.
Planta do atol Kiritimati, a ilha Christmas.
O apontamento curioso, para não dizer grotesco, bizarro, ou absurdo, é que o conjunto de letras "Kiritimati" deve ser lido como "Christmas"... ou pelo menos como "K'rismas".
Simplesmente, missionários do Séc. XIX decidiram inventar uma conversão da fonética local para letras latinas, e acharam que o som "s" se deveria escrever "ti". Assim, o nome "Christmas" dado à ilha pelos ingleses, passou a escrever-se nessa conversão bizarra como "Kiritimati".
Portanto, os locais indígenas devem ler "Kiritimati" como "Christmas", mas qualquer pessoa externa lerá o nome de forma obviamente diferente, segundo os sons habituais. Se agora os habitantes de Kiritimati quiserem de novo usar o nome que os estrangeiros lêem, devem ter que escrever ainda de outra forma...

Isto parece piada, de mau gosto, mas faz parte de uma receita de confusão persistente, na maioria dos casos propositada, e que foi quase sempre levada a cabo por religiosos, com a pseudo-motivação de converter os infiéis, mas que favoreceu sempre a confusão das línguas, e da compreensão entre povos. Afinal, os detentores do código descodificador ficariam sempre em vantagem, e os alvos ficariam sujeitos à confusão generalizada, visando mudar uma compreensão da sua língua original.  
Os exemplos conhecidos são múltiplos e os nativos noutros tempos fomos nós. 
Desde os Ch que tanto se liam "k" como "sh", os W que tanto se liam "u" como "v", os V que tanto se liam "u" como "v", ou os "b" que passam a "v", os I que tanto se liam "i" como "j", os C que tanto se liam "c" como "g", ou se lêem como "s" em "ce" ou "ci"... são tantos os casos de tentativa de confusão, que é um prodígio, ou mera especulação, tentar-se fazer alguma etimologia dos termos.

Em 1957-58 o atol de Kiritimati foi alvo de experiências nucleares por parte dos britânicos que, tal como os americanos e franceses, também usaram a sua parte da Polinésia para o efeito. No caso de Kiritimati, os indígenas nem tão pouco foram evacuados, e fizeram assim parte dos efeitos secundários da experiência nuclear.
Operações Grapple X, Y, Z com bombas H inglesas em Kiritimati
Nessa altura, não parecia haver grandes preocupações ambientais, agora teme-se pelo efeito que o «aquecimento global» possa ter na submersão dos atóis no Oceano Pacífico. 
Fica especialmente caricato juntar os dois acontecimentos com uma distância de 50 anos.
Se não estivéssemos habituados à completa desinformação, e a uma propaganda que chega a rondar o ridículo, até poderíamos levar o assunto a sério... porque como é óbvio, territórios de baixa altitude estarão sempre sujeitos a iminentes inundações - seja por causas naturais ou humanas.
No entanto, a campanha do «aquecimento global», tal como a campanha «anti-terrorista», têm simples propósitos de controlo de expectativas e gestão de medos na população mundial, e tornam-se mais ou menos ridículas, consoante as circunstâncias (normalmente fabricadas pelos próprios promotores).

Finalmente, um outro ponto interessante com Kiritimati, é que estando numa longitude próxima do Havai, tem um fuso horário diferente - com um dia de diferença!  Uma característica partilhada com outras ilhas de Kiribati (que se deve ler "Kiribas"... num som similar a "Caraíbas" - nome a que talvez não seja estranha uma reclamação espanhola da descoberta). 
Assim, estas pequenas ilhas beneficiam da notícia sazonal, muito adequada ao turismo de massas, de serem as primeiras a entrarem no «Ano Novo»... espera-se que com comemorações menos explosivas que as fornecidas antigamente pelos britânicos.

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